O Parque Nacional Tyresta está integrado numa reserva natural que fica integrada no condado de Estocolmo, distando apenas 20 km da capital sueca. Num total de mais de 19,7 km², este parque é imperdível para os amantes de natureza, apresentando mais de 55 km de trilhos com dificuldade variável que nos levam a percorrer um ambiente simplesmente único.
À chegada à simpática aldeia de Tyresta (Tyresta by), em Haninge, encontramos algumas casas típicas dispersas, conservando os poucos moradores da zona, bem como um café, um recinto para churrascos (mais à frente explicamos a importância deste) e um edifício principal logo à entrada, onde existe uma exposição gratuita sobre este parque natural. Neste espaço, chamado Naturum, estão funcionários do Tyresta disponíveis para esclarecer algumas das questões e aconselhar os trilhos mais indicados, indo ao encontro das nossas expectativas. Acabámos por comprar um mapa do Parque Natural que teve um custo de 35 ISK (± 3,24€) e recomendamos vivamente, pois foi algo imprescindível para a nossa orientação durante todo o trajecto.


O trilho que decidimos realizar e que nos foi aconselhado é o que representamos a vermelho na imagem seguinte:

Dada esta visita ter sido realizada ainda durante o inverno (em meados de fevereiro de 2019) toda a paisagem se encontrava pintada em tons de branco, repleta de neve que poucos dias antes tinha caído. Dizem que na primavera toda a paisagem se transfigura, mudando por completo os tons, para um verde imenso e de perder de vista, com os rios e lagos a descongelar e a preencher os sons envolventes. Por agora, com os rios e lagos congelados, toda a natureza que nos envolvia parecia estar em suspenso, surpreendendo-nos a tranquilidade que se fazia sentir, com os sons da natureza apenas a serem interrompidos por fortuitos “Hej, Hey” de pessoas locais que simpaticamente nos cumprimentavam à passagem.



A acessibilidade de alguns trilhos é tal que chegávamos a encontrar famílias com carrinhos de bebé a passear tranquilamente, qual passeio de domingo. Obviamente que nem todas as partes de alguns trilhos eram assim tão acessíveis, mas no geral sentimos que foi sendo fácil de realizar.
Tendo este Parque pelo menos 5 lagos, tínhamos a expectativa de ver alguns deles. O primeiro que tivemos oportunidade de ver foi o lago Bylsjön. O trilho circundava o lago congelado, também ele rodeado de árvores, que como que num abraço conjunto o observavam em silêncio. Acabámos por fazer o mesmo, ali mesmo num dos vários locais que existem para o efeito, onde nos sentámos simplesmente a observar, num silêncio que pintava o que os olhos conseguiam ver.



Tentámos ainda ir um pouco mais à frente, a um lago ainda maior chamado Stensjön, mas o trilho que levava até lá estava inundado impossibilitando a passagem.
Neste Parque existe também uma área que foi devastada por um grande incêndio florestal, em 1999, referida como Brandområdet (que significa “área do incêndio”). Esta conserva ainda vestígios da devastação que este triste evento aí causou, por uma extensão que cobre mais de 10% da reserva natural. O que mais nos impressionou aqui, além da paisagem que era totalmente diferente de tudo o que vínhamos encontrando até ao momento, foi a capacidade de regeneração e de perseverança da natureza, numa tentativa clara de recuperar tudo aquilo que um dia já foi e lhe pertence.

O que nos foi sempre saltando à vista era a extrema organização dos trilhos. Como já referimos, fizemos trilhos de aproximadamente 8 km, sem sentir qualquer dificuldade. Para isto, em muito ajudaram as explicações dos funcionários do Parque e o mapa comprado, que realizámos antes de começar. Demorámos aproximadamente 5 horas para concluir todo o trajecto o que, dito assim, pode parecer demais. Mas se considerarmos a quantidade de paragens que fizemos para fotografar, para absorver cada momento e até por precaução dado o gelo existente nos trilhos, até foi um bom ritmo.

No final de toda esta aventura, o trilho conduziu-nos uma vez mais à aldeia de Tyresta. A tarde já ia a meio e o dia soalheiro convidava ao passeio fora de portas. Por isso, acabámos por encontrar várias pessoas reunidas no recinto para churrascos da aldeia onde, num ambiente familiar e comunitário, grelhavam o que pareciam ser espetadas de salsichas/chouriço e usufruíam das mesas de piquenique ali existentes. Fizemos também nós ali uma paragem para apreciar esse momento e acabámos por reparar que as espetadas que todos estavam a grelhar vinham de uma pequena loja ali mesmo ao lado. Escusado será dizer que não resistimos e fomos também comprar para fazermos o nosso próprio cachorro. Por 50 ISK (± 4,62€), comprámos duas salsichas e dois pães de cachorro, estando pouco depois no grelhador comunitário, num ambiente acolhedor e rodeados de famílias locais, num momento que nos preencheu o espírito (e o estômago).




Como chegar: Fizemos todo o trajecto a partir de Estocolmo de transportes públicos, num total de aproximadamente 40 minutos (ida). Partindo de Estocolmo, devemos apanhar um comboio até Haninge e, partindo de uma paragem logo colada à estação, seguir de autocarro até Tyresta by, onde se encontra o Parque Natural. Considerando que podemos utilizar o mesmo bilhete para o comboio e autocarro e que os bilhetes simples têm uma duração de 75 minutos, basta um bilhete por pessoa para cada lado. Estes devem ser adquiridos previamente, sendo que os preços rondam os 45 ISK (± 4,16€) por pessoa/viagem, podendo ser mais baratos se vos compensar adquirir o cartão SL (para estadias maiores na cidade). Para mais informações, consultem o site da companhia de transportes SL ou façam download da app, que explica detalhadamente o planeamento do transporte para vários destinos, incluindo os horários e os preços.
Dicas extra:
- Tendo nós ido no Inverno, mais do que nunca consideramos imprescindível recomendar a utilização de roupa e calçado apropriado. Felizmente o frio que sentimos não foi intenso, mas tivemos diversas partes do trilho em que o gelo se tornava perigoso;
- Partimos logo de manhã para o Tyresta e aconselhamos a fazê-lo. Em primeiro lugar, porque o dia acaba por render muito mais. Depois, porque os dias ainda são pequenos nesta altura (anoitecia antes das 17:00), não sendo aconselhável realizar os trilhos sem guias nesse período.
- Os únicos pontos com lojas estão localizados à entrada da aldeia de Tyresta. Recomendamos, por isso, que vão previamente munidos com comida e águas para conseguirem realizar os trilhos sem dificuldades.
- Para outras informações relevantes, consultem o site oficial do Parque Nacional Tyresta.
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