Dizem que foi nas Ilhas Ciés onde Deus descansou depois de criar o mundo e nós dizemos que é, pelo menos, um pequeno paraíso na Europa “aqui mesmo ao lado”. Este é, na nossa opinião, um dos locais mais bonitos de Espanha!

Já há algum tempo que tínhamos ouvido falar nas Ilhas Ciés para aqui, as Ilhas Ciés para acolá… Por isso, fizemos as mochilas e fomos ver com os nossos próprios olhos. O que encontrámos? Uma ilha em plena comunhão com a natureza, um céu azul a abraçar as montanhas pintadas de verde, ladeadas por uma paisagem paradisíaca com um mar cristalino de tirar o fôlego… Talvez tenhamos tido muita sorte com o tempo e com a água que era tão quentinha quanto cristalina mas chegámos lá e só pensámos: “Caramba, como é que este pequeno paraíso estava aqui mesmo ao lado e nós nunca cá tínhamos vindo?”.
Índice de conteúdos do artigo:
1. O que são, onde ficam e quando ir?
2. Como obter autorização para entrar no Parque Natural?
3. Como chegar?
4. Onde dormir? (se for esse o caso)
5. Onde comer?
6. Pontos de interesse
7. Bebés e crianças nas Ciés: sim ou não?
8. Pontos importantes a não esquecer!

- O que são, onde ficam e quando ir?
As Ilhas Ciés estão situadas ao largo de Vigo (a cerca de 45 minutos de barco) e constituem, na verdade, um arquipélago de 3 ilhas sendo a Ilha Monteagudo a norte e a Ilha de Faro no centro, estas duas ligadas por um enorme areal que forma a lindíssima praia de Rodas. A terceira chama-se Ilha de San Martiño e só é acessível por mar em tour privada. Visitámos apenas as duas primeiras.
No que diz respeito ao clima, todos os feedbacks que tínhamos era de uma água bem geladinha, daquelas de fazer doer os ossos, e uma grande probabilidade de apanharmos o céu encoberto e temperaturas mais “fresquinhas” apesar de já estarmos em Junho… Nós temos que reconhecer que provavelmente tivemos mesmo muita sorte na nossa viagem. Fomos num fim-de-semana prolongado por altura do feriado do 10 de Junho e tivemos a sorte de apanhar dias lindíssimos, quentes e recheados de sol e, curiosamente, a água do mar estava um verdadeiro “caldinho”, devido a uma qualquer corrente quente. Sim, para além de lindíssima e cristalina, a água estava uma verdadeira tentação para quem quer ir a banhos.


Os ferrys apenas operam em determinadas épocas do ano. Fora desse período, o parque apenas está acessível por tour privada sendo exigida sempre a presença de um guia e várias autorizações especiais. Os meses de Junho, Julho, Agosto até 14/15 de Setembro tendem a ser épocas com ligação diária de ferry mas sugerimos que confirmem antecipadamente o site da “Xunta de Galícia” onde toda a informação está muito intuitiva, explícita e actualizada.

- Como obter autorização para entrar no Parque Natural?
O acesso às Ilhas Ciés está limitado a 1800 pessoas por dia e 600 por pernoita, pelo que é exigido o pedido prévio de autorização à “Xunta de Galícia“. Só após ter essa autorização e o respectivo número de pré-reserva é que se consegue prosseguir para a compra do bilhete de barco, compra essa que deve ser feita nas 2h após a recepção da pré-reserva. Portanto, na prática, não vão conseguir comprar o bilhete de barco enquanto não receberem esta autorização que falámos. O pedido e respectiva autorização são totalmente gratuitos.
Caso pernoitem no Parque de Campismo das Ciés esta autorização é automaticamente pedida e cedida aquando da reserva e sem necessitarem de a solicitar à “Xunta de Galicia”. Portanto, neste caso, devem fazer a reserva do alojamento no Parque de Campismo, altura em que vos é dado o referido código de reserva e com o qual conseguem, a seguir, fazer a compra dos bilhetes.
Num caso ou noutro, devem fazer este pedido com pelo menos 30 dias de antecedência e aconselhamos intervalos um pouco superiores se a visita estiver planeada para a época alta, particularmente nos meses de Julho, Agosto e início de Setembro.


- Como chegar?
O acesso é feito por mar, obviamente. Nós apanhámos o ferry no porto de Vigo. Sim, o barco para este pequeno paraíso galego está a cerca de 1,5h do Porto… está tão próximo quanto isto!
Em Vigo estacionámos o carro no parque do Centro Comercial “A Laxe” e pagámos 20€/dia, durante 2 dias. Não é a opção mais barata mas fica mesmo ao lado do porto onde íamos levantar os bilhetes do barco e apanhar o ferry, o que facilitou a logística com os miúdos. Existem de facto opções mais em conta.
Fomos na companhia Mar de Ons que tem vários barcos por dia, com diferentes horários (ver horários aqui). Correu tudo bem, saímos à hora marcada e foi uma viagem muito agradável e sem sobressaltos. Pagámos 21€/adulto (ida e volta). As crianças não pagam até aos 5 anos.
Existem outras opções de empresas sendo as mais conhecidas o Piratas de Nabia e os Cruceros Rías Baixas, mas estas não temos experiência.
A viagem demora sensivelmente 40-45 minutos.
Marcámos com 1 mês e meio de antecedência (de Abril para Junho) directamente no site, mas na época alta e com o aumento da procura, mais uma vez, acreditamos que deva ser mais seguro marcar-se com uma antecedência maior.




- Alojamento
Na ilha só se pode pernoitar no Parque de Campismo, havendo a hipótese de alugar uma tenda do parque (que tem uma cama com lençóis, almofadas e fronhas e ainda possibilidade de pedir berço). Esta foi a nossa opção, estava tudo em óptimas condições de limpeza.



Existe ainda uma opção mais em conta que passa por levar tenda própria e alugar apenas o alvéolo para a mesma no camping – podem consultar os preços aqui.
Para um caso ou para outro têm sempre que fazer reserva antecipadamente pelo site já que a ilha recebe um número limitado de pessoas, como dissemos em cima. Foi assim que fizemos e o processo de reserva foi linear e a equipa foi solicita e rápida a esclarecer algumas dúvidas prévias que tínhamos por email.
Depois é desfrutar ao máximo, acordar ao som da natureza e deliciar-se com um belo café à entrada da tenda.



Relativamente aos banhos, o parque de campismo dispõe de uma grande casa de banho com múltiplos duches e WC, divididas por géneros. Por altura do check-in são dadas moedas correspondentes ao número de elementos das tendas e diariamente deverão deslocar-se à recepção para levantamento das moedas a utilizar no dia seguinte nos banhos. A moeda deve ser colocada num temporizador próprio que se encontra à entrada de cada chuveiro e está programado para banhos de 2 minutos. Podem ser acrescentadas mais moedas (em dinheiro) para prolongar o banho.
Da nossa experiência os 2 minutos davam e sobravam. Mesmo quando um de nós levava o “piratinha” para tomar banho connosco achámos que o tempo era suficiente.
É verdade que não fomos em época alta já que não estávamos em Julho ou Agosto mas por apenas uma vez encontrámos uma fila bem extensa para os banhos.
Encontrámos sempre as casas de banho em boas condições de higiene.

- Onde comer?
Não esperem encontrar uma enorme variedade de locais para comer. Diríamos que a ilha tem o essencial e ninguém vai passar fome já que dispõe de 4 restaurantes/snack-bar e 1 supermercado com todos os básicos.
Atenção que, principalmente para quem viaja com os mais pequenos, os espanhóis são adeptos de almoçar a partir das 13h e jantar a partir das 21h, e aqui não é excepção. Nada que não se remedeie e improvise mas convém terem em mente para se organizarem, se for esse o caso.
Relativamente a restaurantes:
- Bar Restaurante Serafín Islas Cies – fica próximo do parque de campismo e é conhecido pelas especialidade de peixe e marisco; nós provámos o peixe do dia e o polvo e estavam todos deliciosos!
- Bocadillos y Bebidos Begoña – tem uma enorme variedade dos famosos bocadillos (sandes típicas espanholas) com preço justo e excelente para takeaway;
- Restaurante Tapería Islas Cíes – este é o bar/restaurante do Parque de Campismo; tem pizzas, tapas e alguns pratos do dia, bebidas, café, gelados…. ; ficámos por aqui algumas vezes e cumpriu o propósito.


Encontram ainda o Restaurante Rodas que fica localizado mesmo junto ao cais do porto mas que não experimentámos dados os preços mais caros.

- Pontos de interesse e quanto tempo ficar
Na nossa opinião, um dia é apertado, particularmente se gostarem de fazer trilhos e “perder-se” na natureza. Se quiserem apenas ir e desfrutar de algumas praias ou se não forem muito adeptos de campismo então ir e voltar no mesmo dia pode, efectivamente, ser uma opção (neste caso ir de manhã e voltar ao final da tarde, perdendo-se o pôr do sol na ilha que é arrebatador, mas é exequível). Nós, pessoalmente, optámos por ficar 2 dias e agora faríamos o mesmo ou eventualmente até 3.

Pontos de interesse:
– Playa de Rodas: já foi considerada uma das melhores praias da Europa. Tem um areal com mais de 1km de extensão que é ladeado de um lado por mar e do outro pela Lagoa dos Nenos, formando uma paisagem absolutamente lindíssima! Extende-se até ao porto onde atracam os ferrys;
– Praia de Bólos: pequena e mais abrigada quando há mais vento (tivemos essa experiência);
– Lagos dos Nenos – um lago ladeado pela Playa de Rodas e do outro pela ponte;
– Praia da Nosa Señora Princesa -esta foi uma das nossas preferidas apesar da mais conhecida ser a de Rodas; tem um areal lindo e uma vista paradisíaca para o Ilhéu dos Vinhos à esquerda e para a Ilha de San Martiño à frente; se puderem não percam a oportunidade de a visitar;
– Rota do Alto do Príncipe – fizemos este trilho e… UAU!!! O trilho atravessa uma floresta que por si só vale o caminho mas a vista do alto do Miradouro do Alto do Príncipe vale cada metro percorrido! Trata-se de uma trajecto linear de 1,5km (3km ida e volta), de fácil dificuldade; parte do Porto de Rodas até ao Alto do Principe onde vão ter, em dias favoráveis, uma vista de cortar a respiração;
– Praia das Figueiras – conhecida por ser uma praia de nudismo, passam ao lado do acesso à praia se fizerem a Rota do Alto do Príncipe;
– Rota do Monte Faro – este trilho é o mais longo da ilha com 3,7km de extensão, num trajecto linear (7,4km ida e volta), com uma dificuldade moderada. Parte do Porto de Rodas e segue até ao cume ao Farol das Ciés; não o fizemos porque já não tivemos tempo mas as vistas para a Ría de Vigo, Praia de Roda, Lagoa dos Nenos e Ilha de San Mariño parecem ser deslumbrantes;
– Pedra do Campá – uma formação geológica desenhada pelo vento.















- Bebés e crianças nas Ciés: sim ou não?
Quando visitámos o arquipélago, o nosso pequenino tinha 14 meses, ainda estava com leite materno e toda a diversificação alimentar que tinha sido iniciada aos 6 meses tinha corrido bem. Sempre foi um bebé saudável, sem doenças crónicas.
Na ilha não vão encontrar centros de saúde, farmácias ou outros cuidados de saúde. Claro que, por isso mesmo, levámos connosco alguma farmácia básica para o caso de ser necessário. Em contrapartida, existem múltiplos ferries diariamente portanto não ficámos desconfortáveis com a ideia de levar o nosso pequenino.
Criámos memórias juntos, explorámos o exterior da tenda ao rasgar dos primeiros raios de sol e daquela aragem fresca matinal, correu e construiu castelos na areia, adorou a viagem de barco e as brincadeiras todas… foi uma animação!





Uma dica para quem vai com bebés: podem levar carrinho mas uma mochila ergonómica/pano vai facilitar-vos muito a vida. Nós sempre viajámos só com mochila ergonómica e não nos arrependemos. Para além da enorme autonomia que dá, ele adora fazer umas boas sestas por lá.
Fizemos esta viagem com os nossos amigos da página @LetsRunAway (podem também ver o blog onde vão encontrar muita , muita inspiração!): a Marina , o João e o pequeno Miguel que na altura tinha sensivelmente 3 aninhos. Escusado será dizer que também nesta faixa etária a viagem foi um sucesso e ainda hoje sonha com um regresso à tenda e às Ciés!

Dizemos sempre que para viajar com crianças “descomplicar” deve ser a palavra de ordem. Nesta viagem isso não foi excepção e, na verdade, miúdos e graúdos concordam: a viagem não poderia ter corrido melhor.

- Pontos importantes a não esquecer!
- Atenção ao passar a ponte junto ao Lago dos Nenos: vejam bem os horários da maré alta que estão afixados no quadro junto ao início da ponte. As informações são diariamente actualizadas. Quando passarem a ponte, e particularmente se prevêem ter que a atravessar novamente no regresso (exemplo para apanhar o barco) tenham especial atenção a este aspecto já que se a ponte nessa altura estiver fechada terão que ir necessariamente pela Praia de Rodas;
- Este é um parque natural e como tal a conservação dos ecossistemas depende, obviamente, de todos quantos o visitam. Vão encontrar uma placa junto ao cais com várias regras do parque entre os quais ser proibido sair dos trilhos no sentido de proteger a fauna e flora locais, alimentar animais do parque, apanhar flores, pedras ou conchas, pesca submarina ou desportiva;
- Sugerimos que levem convosco um saco do lixo; é estritamente proibido deixar lixo fora dos poucos locais disponíveis para o efeito;
- Existem muitas gaivotas pela ilha, pelo que devem ser tidos cuidados para não deixar comida e lixo disperso para não atrair a sua atenção;
- Poupar água;
- Levar calçado confortável, chapéu e protector solar; na ilha o único meio de transporte é mesmo a caminhada, devem preparar-se para isso;
- Podem levar uma farmácia básica (como para qualquer viagem);
- Levar o Cartão Europeu de Seguro de Saúde: se este nome não vos é familiar aconselhamos a leitura de mais informações que podem encontrar neste artigo;
- Por fim, não esquecer que em Espanha o fuso horário é GMT+1, portanto devem adiantar em 1h o relógio.

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